BELOS TEMPOS

Encolhidinho aos meus pés ao amanhecer,
Como um bichinho perdido de olhar tão carente,
Que eu apertava em abraços, pra nos aquecer...
E o miolo de pão que você roubava
Nos pãezinhos ocos nada se encontrava!
Pois o menino ágil já se deleitava
Sob a mesa em risos já nos enganava...

E no  seu  "tour" pela "ruazinha"?
Até no sonhos ele lá estava ,
Cultivando amigos em pique ou mata-mata,
Com as irmãs da casa que ele "namorava"!

Agitadas manhãs, na ida pra o colégio,
Quando acordá-lo era um sacrilégio!
Tantas travessuras ao dia , que cansaço!...
E uma noite apenas não lhe dava espaço.
Mas ao chegar o amigo, apressado, esperto,
Ele pulava logo e de sorriso aberto
Já dizia : "vamos, que já tá na hora,
Temos que ir bem rápido logo pra escola!"
E juntos  em um bate papo eloquente,
Eu os seguia com um olhar, sorridente!

Nossas idas à praia em tantos janeiros !
E os três irmãos a correr pela areia...
As fugas, meus gritos,  meu amor infinito!...
E o meu molequinho crescia, sabido,
Esperto,  lindo e muito benquisto...

Com o  "vô Badinho" catava pedrinhas,
No morro ao lado da sua morada,
E depois se sentava naquele banquinho
Que o velho fizera pra o seu "camarada",
E ali ficavam horas e horas,
Em contos e fatos, e muitas estórias
Que  um ao outro tinha pra contar,
Em  tranquilo, festivo  e gostoso tagarelar ...

Assim se foram os dias, incontáveis dias,
De lutas, trabalho ,tantas alegrias!...
E nada , nada mesmo eu trocaria,
Pelos belos anos juntos, em família,
Desfrutados assim, em tão grande harmonia!!!