Seja bem vindo!!!

Aqui você leitor, como eu, encontrará alguns textos escritos por mim, demonstrando toda minha inspiração através da janela da minha vida.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A viagem

     A viagem era longa. E estava eu pensativa sobre os propósitos que me levaram naquele manhã a tomar aquele ônibus em direção a certa cidade do interior . Mas nem tudo estava tranquilo, e meus pensamentos vez ou outra eram intercalados por risos e bate-papo dos que comigo estavam naquele dia a alcançar determinado destino por motivos os mais variados, ou mesmo sem motivo algum, apenas pelo prazer de viajar, conversar, ver gente...
    Foi quando percebi em uma das pequenas paradas durante o trajeto, a entrada de uma jovem que aquietando-se em um canto a alguns passos de mim,  tentava esconder as lágrimas que teimavam em fluir de seus olhos, na certa em razão de alguma mágoa, algum desgosto, um transtorno enfim a que estamos expostos a qualquer instante em nossas vidas. Fiquei a perguntar-me o que levaria aquela moça jovem e bonita a entristecer assim  os lindos olhos em um perfil simples, em mãos trêmulas que se ocupando em enxugar o rosto estariam mais tranquilas se alguém as alcançasse para oferecer alento.
     Não sei por que tocou-me profundamente a imagem daquela  jovem que me parecia\assim tão desamparada e triste, e de onde estava elevei meus pensamentos ao Criador, pedindo que acalmasse seu espírito, dando-lhe alivio, fé,revolvendo todo o seu interior transformando em cálidos lampejos de esperança o que a fazia tão triste.
     Foi então que adormeci um pouco e ao acordar, de novo olhei a moça e encantada percebi que seu semblante carregado já sorria e parecia mais sereno participando do bate-papo entre aqueles que estavam mais próximos de si e que , talvez, nem houvessem percebido o que eu percebi, nem puderam fazer o que eu pude fazer: pedir, rezar, pela paz no coração daquela jovem  que desceu na próxima parada sem saber quem sou, sem saber que fez parte de um episódio em minha vida que valeu esta página, pois percebi o quanto somos, o quanto podemos se acreditarmos que somos capazes de melhorar o mundo, as pessoas pelo poder da oração. Obrigada, meu Deus, muito obrigada!!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Olhos de Deus

         " Os amigos são anjos que Deus coloca em nosso caminho. Ele criou tudo perfeito neles. Dois moldes específicos para que um completasse o outro. Mas apesar de toda beleza, eles teriam hora de dor e sofrimento. Então criou anjos em forma de pessoas e colocou-as no mundo para que frutificassem e servissem de amparo. São chamados de amigos. São fraternos e companheiros. Emitem luz que acende o espírito de todos que os cercam. São olhos de Deus."

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O cheiro ...

      A casa deserta exala um cheiro peculiar ... Cheiros , vozes e rostos amigos se misturam ...
      Na varanda as flores  ainda conservam a frescura de outros tempos. A cadeira de balanço movimenta-se com seu barulho característico em vai-e-vem monótono como se ali alguém ainda estivesse há pouco a descansar.O cheiro de mofo e guardados já não existem, dando lugar ao cheiro de  vida , de gente, de biscoitos na cozinha, da velha mãe que de costas  movimenta-se do mesmo jeito, com os mesmos risos que nos parecem tão infantis, na face morena e ainda bela, entre as rugas que lhe teimam em surgir, em movimentos de eterna jovem  ainda cheia de vida...
    Pé ante pé, cruzo a porta e postando-me ao lado da mesa antiga, fico quieta, temendo desfazer a magia a que o sonho me permite.E dali, posso ver a algazarra de crianças correndo ao redor, gritos e risos,o velho pai, irmãos que de uma alegria só misturam-se a este perfume estonteante de felicidade pura e bela que nasce , de repente, infiltrando-se através de um cheiro insistente de bolinhos, café e gente,  que me chega  assim com insistência, através das antigas portas desta velha casa abandonada!!!

domingo, 7 de novembro de 2010

Devemos ver com os olhos livres

  Devemos ver com os olhos livres,
  além das frestas,
  além dos muros,
  além do sonho,
  além da vida...
  Olhos livres que atravessem fronteiras de mesquinhez e intolerância , que não se limitem às palavras, mas que se esforcem pra trazer sorrisos aos ressequidos lábios endurecidos pela lida, pelo sofrimento, pela miséria...
   Olhos livres e soltos, audazes, impetuosos olhos que se alimentem de fé no semelhante e se encantem no estender de mãos que fortaleçam mãos, corações que se abram para acolher um pedido mudo de socorro na luz dos olhos, que humildes, perdidos, desamparados , buscam os olhos seus , buscam as mãos suas, pra continuar a procura, pra reencontrar o sonho e o princípio de tudo:
   Quando a vida era serena,
    Quando o sol brilhava mais forte,
      Quando a relva era mais verde,
        Quando o amigo era mais que irmão...
    Devemos ver com os olhos livres e desgarrados de ambição e insana luta, leves e soltos como pássaros, que convivem e voam o mesmo vôo, juntos, sob o mesmo céu, e juntos, se recolhem num mesmo pôr de sol, JUNTOS!!!
    E assim inibindo o preconceito, permitindo a vida, tornando menos endurecido e árduo o caminhar.
    Tem se tornado tão difícil passar mensagens serenas de paz para este povo sofrido...
    Tem se tornado tão vagos os acenos...Tão distantes os papos amigáveis pelas calçadas, os sorrisos os apertos de mão...
     Os olhos não se liberam do corre-corre constante, do tempo que teima em pedir passagem , das máquinas, dos papéis,das reuniões estafantes...
     E os chapéus continuam estendidos pelas calçadas; pequenos embrulhos em sujas vestes aqui e ali pelos caminhos jogados, caídos, surrados...
     O incrível é que nos acostumamos a eles como se  fizessem parte da paisagem, do traçado das ruas, do cheiro e cor de nossas vidas...
      E diz o poeta: " devemos ver com os olhos livres..." Na verdade é preciso ser livre com os olhos, com as mãos, com o coração , com o pensamento, com a alma, pra que possamos  nos doar mais e de mãos dadas reestruturar e salvar o nosso mundo!!!

                                 (texto premiado p/  ABL e F.D- 2001)

domingo, 17 de outubro de 2010

Retalhos de vida

       Uma cerca,um curral ao longe, a travessia de um enorme pasto onde os animais amanheciam ao redor e ao final um bando de crianças que corriam para o meu abraço!... E ali ficávamos nós, numa troca de vida e energia . Corriam e vinham de todos os lados gritando e sorrindo como se o mundo dependesse daqueles momentos que passávamos juntos , eles e eu, dentro de uma humilde sala de aula , que de frondosa e altiva só tinha mesmo a grande árvore que se erguia ao pé da porta de entrada.
       Sob ela quantas histórias contávamos , eu para elas e elas para mim: eu lhes trazia estórias de castelos e príncipes; elas contavam das colheitas e do leite no curral , das amoreiras em flor no terreiro de casa...Elas não sabiam, não poderiam nunca entender , que me ensinavam tanto quanto eu  a elas.Aprendia pureza, ternura, humildade, vínculos que pés no chão e uma paisagem  de verde intenso ventilavam em terno porvir de sonhos e quimeras.
        E tudo começava em um caloroso e sonoro: "Bom-dia, professora! "
        E foi aí o princípio de tudo. Foi  quando comecei a construção da educadora , mãe e amiga.Ao longe, muito longe ouço ainda o som de um radinho em uma casinha distante, cantando as origens, o chão, a terra.
        Sinto que a palavra, o contato humano eram muito mais fortes e eloquentes , e são hoje responsáveis por muitos verões em busca do mesmo sol e dos mesmos sentimentos em meus devaneios.Só quem os teve, só quem os viveu, sabe das lembranças significativas que tudo isto representa.
          E... novos retalhos teimam em encaixar-se nesta reconstrução de vidas e épocas.
          Assim,  um clarão ao longe convida-nos a caminhar junto com eles...
          ...E aqui estamos nós, transpostos como que por encanto a um certo tempo, uma certa rua, onde senhoras e senhores transitam a pé pelas calçadas e de chapéus nas mãos , os cavalheiros cumprimentam as damas em um "bom-dia" respeitoso , verdadeiro; em outro ângulo alguns desfilam em suas carruagens , como os príncipes daquelas estórias infantis que se perderam nos tempos.
           E o filme da vida continua...Paremos a fita. Façamos a reconstrução do "filme". Salvemos aquelas partes onde parávamos nas calçadas para um bate-papo, o filho sentava-se diante dos pais para indagar, buscar um conselho ou apenas contar como foi o seu dia.
           Mas... O filme em preto e branco coloriu-se e na busca de novas cores esqueceu-se de que há coisas que não se deve perder ou haverão de desbotar-se na poeira de um tempo em branco e preto. E nós educadores, escritores, engraxates ou garis temos o dever de resgatar o bom e o belo. Talvez não tenhamos respostas imediatas , mas a ciranda das palavras haverá de retomar a coerência e buscar as mãos que irão fechar o círculo e brincar de roda outra vez.
          Então sentiremos a cada dia, a cada amanhecer, o valor da palavra, do bom-dia ao professor, aos filhos, à família, ao porteiro do prédio, à madame que agora passa com seu cachorrinho pela calçada , nessa caminhada matinal que nos leva ao trabalho todos os dias...
          Salvemos a palavra , recuperemos o abraço, retomemos as rédeas de nossa cultura, na missão urgente e cuidadosa de resgatar com eles os valores que tornam o homem forte e destemido , valente e ao mesmo tempo terno e generoso .
          Olha para mim, toma a minha mão, vamos caminhar juntos e enfrentar o medo que temos um do outro. Você é minha continuidade; eu sou o resgate de suas forças puramente humanas .
           "Bom-dia, professora!" Recomecemos assim a nossa história.

                               (texto premiado p/ ABL e F.D. -2005)

sábado, 2 de outubro de 2010

Até aqui escrevemos juntos nossa história...

Ao longe uma mulher se aproxima. Sorriso doce externando uma imensa felicidade, contornando com as mãos, como se assim melhor protegesse o desenvolvido ventre, que busca espaços cada vez maiores entre as fartas vestes...

Seria o primeiro bebê? o segundo?o último talvez ? Não sei... Não há como diagnosticar períodos ou épocas; medir esperas, configurar estágios de alegria ou dor, felicidade ou angústia na fantasiosa espectativa.
Vejo agora não apenas um mulher, mais que isto a mãe que segue alheia aos gritos e conflitos, pois Deus lhe houvera  concedido uma grande dádiva...

Agora um choro soa como música fosse, bracinhos estendidos buscando sugar no peito o alimento primeiro que ela lhe daria a partir daí durante toda a sua vida, através das horas, do tempo, das memórias...

Noites e noites vagariam juntos, muito juntos encostados um ao outro junto ao peito protegidos Ela protegendo você do mundo, você a protegê-la das tristezas e das angústias trazendo-lhe o bálsamo do seu sorriso, do seu abraço pequenino enroscado ao pescoço trazendo risos e lágrimas de grande felicidade e uma enorme paz...

O tempo passa... e a criança que chora e ri, que corre pelas calçadas em direção ao seu abraço, que brinca no balanço enquanto você sentada em um banquinho o observa atenta, orgulhosa. e feliz... cresceu!!!

A criança que você leva à escola apressada, olhos sonolentos de uma noite cheia de sono e sonhos... cresceu!!!

Cresceu e através das asas de uma imaginação fértil e sob um céu azul de esperanças ,busca traçar seus próprios caminhos, alcançar novos sons, novas cores, imagens novas que passarão a fazer parte das páginas de sua própria história, da história que ela haverá de escrever a partir daí...

                              " É.. Até aqui escrevemos juntos nossa história!"...

E dos beijos e abraços, das noites insones, das corridas pelas calçadas, ficam memórias, lembranças que alimentam hoje o dia-a-dia de uma mãe solitária e triste que o tempo deixou ali, quietinha na cadeira, ou recostada em um sofá, tentando conviver com uma imensa saudade!!!...

                                                   Aos meus filhos:Grazielle,Giancarlo e Guilherme

Em busca de paz

 A subida íngreme,  pés escorregadios, pedras, o monte,
oferecem caminho até a pequenina ponte
sobre o córrego entre rochas escondido.
Murmurando segredos,
driblando o tempo em sua limpidez
sem rugas,sem máculas ou insensatez,
como antes, como sempre...
Ponte de tábuas desencontradas,
cenário em pitoresca tela pintado
em mescladas cores pelo artista do tempo!


De um lado uma casa grande e confortável,
amplas salas, móveis estilosos.
Do outro uma casa pequena,
um fogão a lenha, galinhas cacarejando,
um cachorro preto inquieto , saltando,
que a menininha da casa em frente
chama de "lobo mau"...
Um velho senhor leva às mãos
ora o machado, ora a enxada
na horta verde e bem cuidada...
A mulher sopra o fogão de lenha.
Da chaleira  o café fresquinho
pra oferecer aos que passam
dando de prosa um tiquinho.
Bananeiras , abacateiros,
porcos na seva ao fundo,
completam uma sinfonia
com seresteiros animais,
que o lindo amanhecer irradia!...

Fico a espiar como invisível fosse,
encantada com a leveza tão doce
do casal diante do tempo que passa!...
Corrida para o trabalho,que nada !...
Não há pressa pra o pé na estrada!
Só, apenas só, a casa simples ,
um chapéu de palha sobre a cerca arriado...
Grotesco tempo de uma gente igual,
contato franco com o natural!...

Quanto a mim, na casa ao lado,
venho com a garotinha brincar,
pra que possa tão intenso desfrutar
o tempo sutil da infância,
que um dia vai passar...
Sentada no chão,
sentindo a terra sob os pés,
uma casinha de bonecas,
o fogãozinho de brinquedo,
o Chapeuzinho Vermelho, a Branca de Neve...

E lá vamos nós a "ipolá"*
a pequena mata ao lado da casa,
onde as galinhas do "Seu " Moisés
ciscam e correm, pintinhos ao redor...
Nas mãos uma pequena vara
e à luz os mistérios dos contos de fada:
o lobo mau mora por ali,
vamos levar doces para a vovozinha...
Os sete anões já vão surgir,
e a Branca de Neve os vai seguir
pra uma casa muito pequenina
que por certo existe por ali.

Transformo-me assim criança outra vez.
Biscoitos , maçãs... Um piquenique vamos fazer!
Sentadas sobre um velho tronco
olhando os longos "fios de cabelo"
da árvore frondosa por onde se passa ...
Tudo é lindo, tudo é graça!

Olho pra ela. Ela ri e fala,
corre e novamente ri um riso cristalino.
Parece que toda ela é um tesouro lindo
com os olhos, a boca, o rosto, o corpo inteiro rindo!

Feliz, volto pra casa em paz.
Missão cumprida. Um dia mais eu fui capaz
 de levar um coração pequenino
a conviver com seu tempo-menino,
sem perder o natural, o belo.
Ah!... Antes de atravessar a pontezinha
que me leva de volta ,aceno para a pequenina.

Torno a olhar a casa ao lado:
o mesmo quadro tranquilo, sereno...
Na boca levo ainda o gostinho,
de D. Ruth o suave cafezinho,
trazendo-me ao outro lado da ponte,
ao outro lado da vida...
E como quem a um belo filme assiste,
 no coração a certeza
de que,sim, a felicidade existe!!!
                                                                   
                                                          De Anna Lucia para Lulu

*ipolá = explorar (no dicionário de Ana Luiza,2 aninhos)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Por que poesia em tempos de indigência?

  Nos teus olhos parados, irriquietos olhos, inquietam-me os sonhos e as idéias...
Inquietam-me o lixo, a poeira, o desassossego da tua vida...
  Preocupam-me os teus despojados trajes, a arte da tua careta de dor no afã do pão, nos imundos restos deixados pelas mãos poderosas e medíocres da vida ...
  Poesia, retalhos de esperança, realidade sobrepujada pelo zumbir dos carros, pela passeata constante dos passos apressados pelas calçadas...
  O som do tiro à distância, o uivo de dor, o grito, a desgraça... Haverá graça nesta poesia que passa e repassa aos  nossos olhos, no tapete dos sonhos que desenrolamos para ver, a cada dia, a paisagem recente em cores desbotadas de um quadro novo e pálido, no verde embaçado e envelhecido, no azul escurecido pelas sombras das desigualdades ??? ...
  E a poesia renasce das cinzas, apara a dor, sorri na farsa, festeja o dia que passa.
  A poesia por si só é triste. Versos exaltam a  vida e choram a morte como as flores. E como as flores a poesia é lírica e poética, traz beleza ao próprio desengano...
  E a poesia da vida transfere à paisagem as cores de mais um amanhecer!
  Os sonhos se renovam, as esperanças se refazem, dando força e coragem ao homem que desperta encorajado pelo sol e pelo céu que ainda são seus, gratuitamente seus!
  Nas letras das canções, no cantarolar dos pássaros, a poesia está presente na música, na natureza, nos descalços pés a retorcerem-se em um samba bem brasileiro...
  Indigência, desigualdade social, desamor... Busca de apego às coisas simples e tolas: das tuas mãos às minhas mãos unidas em uma corrida louca pelas calçadas, descontraidos em sorrisos, transmitindo esperança, festejando a vida, a vida!!!
  Como esquecer que ao ver teu sorriso eu posso sorrir, que ao ver teu sonho realizado, vejo realizado o meu sonho?
  E aí, brother? Dizem os americanos. O brasileiro repete pelas ruas, no lixo, nas fábricas, nos elevadores, debaixo das pontes e viadutos... E aí, irmão? E é como se os laços se unissem e a poesia da palavra dita realizasse o poder maior de unir as criaturas em expressões assim, de uma proximidade absoluta.
  Como nasce a poesia? Como surge o poeta? Como acontecem as palavras que se soltam de uma mente embaralhada e explodem em pedidos de paz, de união, de mudanças?
  Não mudarei a tua história, talvez não...
  Não transformarei os teus conceitos, talvez não...
  Mas não deixarei de perceber o teu olhar triste e vago, o teu rosto apagado e sem sorrisos, a tua falta de esperança...
  Estarei sempre denunciando o teu cansaço, a tua carência, o teu desconforto diante da vida.
  Sou poeta e a poesia é triste vagando pelas noites em busca de amanheceres.
  Sou poeta e busco na natureza a reflexão para meus versos vagos: no vai-e-vem constante das ondas a beijar a areia das praias, no azul de um céu radiante e cheio de vida, nas estrelas..Ah! as estrelas! As mesmas estrelas que tu também vês ao se deitar sobre o cimento frio das calçadas, debaixo das pontes ou sobre os bancos das praças...
  A poesia em tempos de indigência? Ela existe sim, pois é parte do contexto, e cantará sempre em prosa ou em verso os momentos aprisionáveis em suas liras, que denunciarão os instantes mais torpes ou mais significativos, mas todos aqueles que fizerem parte da tua vida, da minha vida, e do que a vida fizer de nossas vidas.
  Por que a poesia em tempos de indigência? Pra gritar, explodir, denunciar, pedir, reclamar, sorrir ou chorar, e principalmente para elevar aos céus em sonoros versos novas preces, a cada dia em que nossos olhos despertem enevoados de sono, tentando ver as cores nítidas em um amanhecer pincelado de cores mais vibrantes na magia do sonho , que ultrapassa as barreiras da realidade para voar mais além, onde só a poesia pode alcançar em suas mutações etéreas!!!
                                                                                          
                                  (texto premiado p/   ABL e F.D.- 2004)